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01/03/09

IMAGENS DA GUERRA PENINSULAR - III - FRENTE OESTE 19 Fev 2009


Grupo de patriotas planta um "Maio da Liberdade". Gravura francesa, finais séc. XVIII


VENTOS DE LIBERDADE
Antecedentes da Guerra Peninsular

Em França, durante o período da Convenção (1792-1795) o apelo à participação popular para viver os acontecimentos que estavam a mudar o seu quotidiano foi recebido com entusiasmo. Proliferam os símbolos que todo o patriota se orgulha de ostentar: o “barrete frígio”, o “vestuário”, as “rosetas” tricolores que se afirmam nas lapelas e chapéus…
De entre os novos símbolos, um dos mais famosos, “a árvore da Liberdade” ou “Maio da Liberdade” readapta o uso de plantar, durante a noite, em frente da casa de uma namorada, de um vizinho ou de um inimigo uma árvore, o tradicional “Maio”. Deste costume, que coincidia com o início da Primavera e, amorosa ou cruelmente, traduzia em laços, fitas, objectos, papéis escritos, as mensagens, os dizeres, as injúrias, que de viva voz não havia coragem para assumir, irão os patriotas reavivar o fervor popular. Por toda a França se passaram a realizar as “festas cívicas”, plantando árvores nas vilas e cidades com fitas, laços, rosetas tricolores e palavras de incentivo e louvor aos actos e personagens da Revolução, mas também de verdadeiras ameaças aos seus opositores.
O processo revolucionário continua a sua marcha. Ao terminar funções, a Convenção aprova uma nova Constituição em 1795 sob o lema “ liberdade, igualdade, propriedade” dando início a uma nova etapa da Revolução Francesa – o Directório. Na guerra que a França sustenta na Europa começa a ganhar proeminência o nome de um general – Bonaparte.
O alastramento das ideias revolucionárias começou a ser objecto de preocupação por parte das monarquias absolutas logo a partir de 1793, e principalmente após a condenação à morte de Luís XVI. Pode-se, assim, compreender a acção do Intendente Geral da Polícia, Pina Manique, que tenta travar a todos os níveis a introdução em Portugal dos costumes, modas, opiniões, obras literárias ou quaisquer outras formas de contacto com as “perigosas” ideias. A França é, apesar de tudo, a grande referência cultural da época. Para alguns, muito poucos, espíritos iluminados que se reúnem em tertúlias e cafés, as ideias de igualdade e liberdade são objecto de discussão e defesa acalorada mas não põem em causa a ordem instituída.
Não será, portanto, de estranhar que esses homens ditos “afrancesados” associem a entrada na cidade de Lisboa, das tropas comandadas por Junot, ao sopro dos desejados ventos de Liberdade!

Manuela Catarino

25/02/09

IMAGENS DA GUERRA PENINSULAR - II 12 Fev 2009 - FRENTE OESTE






INÍCIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA

A tomada da Bastilha a 14 de Julho de 1789, hoje solenizada no feriado nacional dos Franceses, tornou-se o símbolo maior da Revolução. O povo de Paris, amotinado, assaltou lojas de armas e atacou e tomou a principal prisão do Estado onde supunha encontrar mais armamento. Pelas funções que desempenhava, a Bastilha constituía a imagem da repressão e injustiça do poder absoluto, pelo que a sua queda se revestiu de um enorme simbolismo para os revolucionários.
Mas após esse momento de vitória, os parisienses, revoltados e armados, continuaram o processo insurreccional. Apoderaram-se das instituições administrativas e organizaram uma milícia própria e patriótica – a Guarda Nacional – que passou a envergar uma farda tricolor: vermelho e azul do brasão armorial da cidade, e branco dos Bourbons, a dinastia reinante. Seria esta a força militar em que se apoiariam os interesses revolucionários enquanto na cidade ganhava forma a Comuna de Paris e em outras cidades, por toda a França, os acontecimentos se precipitavam. A Revolução estava em marcha.
Enquanto o ambiente revolucionário ia crescendo não era unânime o sentir social – para uns, o clima era de entusiasmo, para outros, reinava o medo e a instabilidade. Foi durante esse período conturbado que a Assembleia Nacional Constituinte, desenvolvendo uma intensa actividade legislativa, pôs cobro à ordem político-social vigente – a do Antigo Regime – e fundou um novo quadro politico-institucional e uma nova ordem social, a do Liberalismo.
Da Assembleia Constituinte procederá o documento que mais repercussão irá ter na História humana: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada a 26 de Agosto de 1789. Destinada a servir de preâmbulo à futura Constituição francesa, os seus princípios fundamentais não se dirigiam unicamente aos franceses, podendo ser aplicados a qualquer regime político. Documento que define um novo conceito de Homem e de Cidadão, nele se consubstancia o primado dos direitos individuais e da Liberdade.
Estas mudanças revolucionárias fizeram estremecer toda a Europa e a Guerra Peninsular foi uma das suas consequências.


Manuela Catarino