30/10/09

BADALADAS - TEXTO 40 - 30 OUTUBRO 2009





LINHAS DE TORRES VEDRAS

A DECISÃO DO DUQUE DE WELLINGTON EM 1809


VENERANDO DE MATOS



Em Outubro de 1809, estando o exército anglo-luso acantonado nas margens do Guadiana, Sir Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington, deslocou-se a Lisboa e, na companhia do coronel Murray e do tenente-coronel Fletcher, percorreu durante alguns dias os terrenos a norte de Lisboa, deixando instruções para este último, num documento datado de 20 de Outubro de 1809, que ficou conhecido pelo “Memorando Fletcher”.

Do seu conteúdo, entre outras coisas, constava o seguinte:

“O grande objectivo em Portugal é a posse de Lisboa e do rio Tejo e todas as medidas terão de ser dirigidas com este objecto em vista. Existe um outro, ligado igualmente com este primeiro objectivo para o qual devemos também prestar atenção, e que é o embarque das tropas britânicas em caso de revés.
“Qualquer que seja a época do ano em que o inimigo possa entrar em Portugal ele fará o seu ataque provavelmente por duas linhas distintas, uma a norte do Tejo e outra a sul; e o sistema de defesa adoptado terá que levar em conta este facto.
“(...) O objectivo dos aliados deverá ser o de obrigar o inimigo, tanto quanto possível a realizar o seu ataque com o corpo do exército concentrado: Eles deverão ficar em todas as posições que o terreno possa permitir, o tempo necessário para permitir que a população rural local evacue as vilas e aldeias levando consigo ou destruindo todos os meios de subsistência e meios de transporte que não forem necessários aos exércitos aliados; cada corpo do exército deve ter o cuidado de manter as suas comunicações com os outros e a sua distância relativa do lugar de junção”.

As intenções de Wellington, com essa recomendação, foram resumidas por Teixeira Botelho, na sua obra História Popular da Guerra da Península, (Porto, 1915), como a necessidade de “escolher uma posição suficientemente ampla para abrigar todas as tropas, quer da primeira, quer da segunda linha, das duas nações, que lhes permitisse ocupar uma situação vantajosa para cobrir Lisboa, sede dos recursos do país, e que não pudesse ser torneada nos seus flancos pelo inimigo, devendo ter uma comunicação segura com o mar, para permitir o embarque das tropas inglesas no caso de revezes sucessivos as obrigarem a esse extremo”.

Tomada a decisão, Wellington enviou uma carta para o Rio de Janeiro, dirigida ao príncipe regente onde explicava as suas razões no contexto da guerra peninsular que se iniciara um ano antes.
Uma interpretação mais recente (Gastão de Mello de Mattos, “Torres Vedras, Linhas de (1810)”, in Dicionário de História de Portugal, vol. VI, 2ª ed. , pp.180 a 182), questiona a opinião perfilhada pela “maior parte dos autores”, que defendiam “a opinião errada de serem as linhas de Torres Vedras destinadas a proteger Lisboa. Ora a verdade é que o fim das linhas que Wellington mandou levantar só subsidiariamente era esse. O seu projecto de campanha (...) era tornar praticamente impossível a vida de um exército invasor, destruindo ou transportando para outro ponto todas as produções utilizáveis do País. Assim a região escolhida pelos Franceses para seguirem a sua marcha em Portugal tornar-se-ia numa espécie de deserto, em que o invasor não poderia subsistir”. (...) O Governo Português procurou transportar para fora das suas residências os habitantes da zona em que operavam as tropas francesas, mas (...) a evacuação dessas regiões não foi total (…). Por outro lado, como as tropas inglesas tinham, em regra, mostrado fraca capacidade combativa no continente, Wellington procurava evitar uma acção que pudesse tornar-se geral, comprometendo a existência do seu exército, não só por motivos exclusivamente militares, mas também por causa da política interna da Inglaterra, onde existia um forte partido de oposição ao Governo e favorável à retirada das tropas expedicionárias para a sua Ilha.”.
Esta opinião é corroborada por Norris e Bremner na obra The Lines of Torres Vedras, Lisboa 1986, tradução de Thomas Croft de Moura, afirmando que em “Outubro de 1809 o plano de Wellington tinha incluído não mais do que uma linha contínua de obras desde Alhandra, no Tejo, até à foz de S. Lourenço (agora chamado Safarujo), no Atântico, com certos redutos e acampamentos fortificados colocados em frente de Torres Vedras, Monte Agraço, Arruda e outros pontos. Não era intenção ocupar estes reductos permanentemente”, mas apenas “deter e estorvar o ataque do inimigo na linha principal na retaguarda”.
Seja como for, Fletcher, depois de receber aquelas ordens por escrito em 20 de Outubro, dirigiu o início da construção das linhas que se iniciaram em 3 de Novembro de 1809 pela construção dos fortes de S. Julião, Sobral e Torres Vedras.
Desenvolvimento deste texto em:

BADALADAS - TEXTO Nº 39 - 9 OUTUBRO 2009









Exemplo de ambulância móvel concebida por Dominique Larrey



UM CIRURGIÃO NA FRENTE DE BATALHA


DOMINIQUE JEAN LARREY


MANUELA CATARINO



A memória histórica tem por hábito salientar as figuras dos homens decisores das grandes batalhas enquanto outros ficam na penumbra, acabando num maior ou menor, mas injusto, anonimato. O tempo, porém, serena paixões e permite a análise com outra lucidez sobre os factos, acções e personagens menos conhecidas, mas intensamente presentes, no desenrolar dos acontecimentos.

Esta breve introdução permite-nos retomar o olhar sobre um outro lado das campanhas militares que envolveram a França napoleónica e a Península Ibérica no início do séc.XIX, sob uma perspectiva talvez menos conhecida, mas não menos importante para o desenlace dos conflitos – a assistência médica aos feridos, na frente de batalha, protagonizada pelo cirurgião militar Dominique Jean Larrey.

Nascido a 8 de Julho de 1766, em Baudéan (perto dos Altos Pirinéus), segundo filho de um modesto cordoeiro, inicia os rudimentos escolares com o pároco local. Aos treze anos assume o gosto pelos estudos médicos e junta-se ao tio Alexis Larrey, cirurgião chefe em Toulouse. O seu percurso estudantil é notável e cedo recebe as primeiras distinções académicas. Uma breve passagem pela marinha, apesar da riqueza da experiência, não colhe o seu entusiasmo e regressa a Paris. A agitação política que percorre a França galvaniza o jovem Larrey e em 1794, com vinte e oito anos, o posto de cirurgião-chefe do Exército da Córsega irá permitir-lhe travar conhecimento com o igualmente jovem general Bonaparte.

A vida de ambos ficará indissoluvelmente ligada, já que Dominique Larrey estará presente durante mais de vinte anos nas campanhas napoleónicas, suscitando a admiração de todos quantos acompanham a sua acção no campo de batalha, e o reconhecimento do próprio Napoleão.

A obra Mémoires de Chirurgie Militaire et Campagnes, que redigiu entre 1810 e 1812, testemunha de forma eloquente as suas práticas pioneiras nos cuidados médicos de urgência, graças ao sistema, por ele idealizado, das ambulâncias cirúrgicas móveis. Os conhecimentos precisos de anatomia influenciaram a sua decisão em querer alterar o padrão de socorro aos feridos em combate. A prática da cirurgia, na frente de batalha, e a posterior remoção do paciente numa ambulância (ver Fig.1) para local mais seguro permitiu a sobrevivência de numerosos feridos, ainda que por vezes as amputações de membros atingissem números elevados. Contudo, para Larrey, a diferença assentava num humanismo e dedicação desconhecidos no mundo militar – cuidar dos homens, soldados ou civis, independentemente da sua nacionalidade ou posto militar…

Dominique Larrey não esteve em Portugal mas participou na campanha de Espanha, integrado no exército de Murat, como cirurgião-chefe, entre 1808 e 1809. As críticas que faz ao estado deplorável da assistência feita nos hospitais espanhóis leva-o a utilizar as suas “ambulâncias voadoras” para minimizar as baixas ocorridas em batalhas como Burgos ou Somo-Sierra. Mas o seu espírito humanitário vai mais além e, em Valladolid, chega a solicitar a criação de um hospital destinado ao inimigo (espanhóis e ingleses) para tentar irradiar a epidemia de tifo que se propagava rapidamente, e que ditará o seu regresso a Paris.

A estrela de Napoleão vai conhecendo o sentido descendente rumo à abdicação de 1814, mas Larrey só em 1818, com 49 anos, verá terminada a sua carreira militar activa. Sobreviverá a Bonaparte permanecendo seu indefectível admirador, recebendo em troca o elogio que consta do testamento datado de 15 de Abril de 1821 : …c’est l’homme le plus vertueux que j’aie connu.

29/10/09

BADALADAS - TEXTO 38 - 25 SET 2009

A 2ª INVASÃO FRANCESA

PORMENORES IMPORTANTES


José NE Ermitão

Como foi referido no primeiro artigo sobre a 2ª invasão, as instruções do impera-dor francês indicavam claramente que, depois de Soult ter tomado o Porto, os generais Lapisse, estacio¬nado em Salamanca, e Victor, posicionado em Mérida, deviam também invadir o país; o primeiro marchando para Abrantes e o segundo atravessando o Alentejo para apoio à tomada de Lisboa.
Nenhum deles cumpriu as instruções dadas – e podemos interrogar-nos como te-ria sido a 2ª invasão se elas fossem cumpridas! – por falta de comunicação e articulação entre eles e por dificuldades militares, devidas ao estado de contínua revolta dos espanhóis. Mas não só: Lapisse não entrou no território português devido, sobretudo, à actuação da Leal Legião Lusitana.

A LEAL LEGIÃO LUSITANA (LLL)

Formada em Inglaterra por militares emigrados do país durante a 1ª invasão, ao núcleo inicial juntaram-se outros portugueses, sobretudo do Porto, quando foi transferida para Portugal. No quadro da organização da defesa do país, um batalhão com cerca de 1500 homens foi colocado em Almeida, sob o comando de Robert Wilson, com o objectivo de evitar a progressão francesa por esta via.
Internando-se em Espanha até Salamanca e usando tácticas de guerrilha, a LLL paralisou os movimentos de Lapisse durante três meses, flagelando-o continuamente, e cortou-lhe as comunicações com o general Victor. Lapisse acabou por ter de abandonar as posições sem cumprir o objectivo assinalado por Napoleão. De volta ao país, a LLL foi apoiar o exército luso-britânico no seu movimento contra Soult.

WELLINGTON EM ESPANHA

Expulso Soult, a preocupação de Wellington foi impedir que o general Victor invadisse o país pelo Alentejo. Assim, faz descer o exército para Coimbra (finais de Maio) e concebe um plano de campanha assente em três pontos: derrotar Victor, impedir a sua junção com Soult (já à frente de outro exército francês) e avançar para Madrid. Entrega a defesa de Trás-os-Montes a Francisco da Silveira, envia Beresford para Castelo Rodrigo, para lhe proteger o flanco esquerdo, e dirige-se para Talavera de la Reyna onde se reúne com as tropas espanholas do general La Cuesta (21 de Julho).
O primeiro confronto com Victor dá-se a 22 de Julho, mas um desentendimento com La Cuesta não permite continuá-lo e o general francês aproveita para se retirar. Re-gressa no entanto a 25, reforçado com tropas vindas de Madrid, dando-se o com-bate a 27 e 28. Wellington derrota os franceses, embora a vitória seja um tanto ambígua pois vê-se sem condições para a explorar. Não podendo rumar a Madrid, com problemas de aprovisionamento e de relacionamento com la Cuesta, falhando-lhe Beresford na protecção do flanco esquerdo (Beresford demonstra não ser um general de campanha), não tem outra alternativa senão abandonar a posição e regressar a Portugal, por via de Mérida, Badajoz e Elvas.
Entendida numa perspectiva global, pode dizer-se que a 2ª invasão francesa só fi-ca definitivamente resolvida na batalha de Talavera, em finais de Julho de 1809. O general Victor não invadirá o país.

ENTRETANTO O GOVERNO...

Durante este período os governos do Rio de Janeiro e de Lisboa não estão inactivos. No Brasil, a acção política orienta-se no sentido do alargamento do território, com a conquista da Guiana francesa, do desenvolvimento económico e da criação das adequadas instituições administrativas e jurídicas tendentes a fazer do Brasil e do Rio o centro do império.
Em Lisboa, em Março, os governadores ordenam a perseguição aos suspeitos de «francesismo», especialmente os membros da maçonaria, que são presos e colocados em residência fixa, e decretam penas rigorosas para os portugueses que colaborem com os invasores; ao mesmo tempo apelam à população para que se una e lhes resista. Em Abril, convocam todos os portugueses dos 16 aos 30 anos para voluntariamente se apresentarem no exército.
Neste domínio, o militar, é particularmente relevante a acção do governador Mi-guel Pereira Forjaz, encarregado dos negócios da guerra e estrangeiros, a quem se deve, com Beresford, a responsabilidade pela reorganização do exército português.

22/10/09



PROGRAMA INAUGURAL DAS COMEMORAÇÕES DOS
200 ANOS DAS LINHAS DE TORRES VEDRAS


Novembro 2009 a Novembro 2010
Torres Vedras e as Memórias de uma Invasão: Um "Olhar" Entre Linhas e Fortes
Concurso Fotográfico
Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras
Destinatários: Fotógrafos
Concurso que procura evidenciar o impacto das Invasões Francesas e das comemorações num outro tempo, num outro espaço. Uma abordagem livre baseada nas lógicas de reportagem. No final realizar-se-á uma instalação fotográfica referente ao trabalho de campo realizado.
Info e Inscrições: Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras, TLF.: 261 338 931/2 ou email: geral@ccctv.org


11 Novembro » Quarta » 16h00 às 19h00
Bicentenário das Linhas de Torres Vedras
Inauguração das Comemorações
Praça 25 de Abril e Museu Municipal Leonel Trindade » Torres Vedras

Programa
16h00 » Chegada de Sua Excelência o Presidente da Republica, Aníbal Cavaco Silva, seguida de Cerimónia Militar, com as respectivas Honras Militares e Homenagem aos Mortos
Praça 25 de Abril » Torres Vedras

17h00 » Sessão Solene de abertura das Comemorações do Bicentenário das Linhas de Torres Vedras, com a presença de Sua Excelência o Presidente da Republica, Aníbal Cavaco Silva
Praça 25 de Abril » Torres Vedras

17h30 » Inauguração da Exposição "Guerra Peninsular (1807-1814)"
Museu Municipal Leonel Trindade » Torres Vedras

11 Novembro 09 a 30 Novembro 2010 » Terça a Domingo » 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00
Guerra Peninsular (1807-1814)
Exposição
Museu Municipal Leonel Trindade » Torres Vedras
O Município de Torres Vedras inaugura no Museu Municipal Leonel Trindade a exposição dedicada ao tema da Guerra Peninsular, renovando o olhar sobre esse assunto com especial enfoque para as Linhas de Torres Vedras.

14 Novembro » Sábado » 22h00
Homens e Armas da Guerra Peninsular
Recriação Nocturna
Bares do centro histórico da Cidade de Torres Vedras
Pequenas recriações nocturnas, junto aos bares do centro histórico, com demonstrações do traje e do armamento.
Info pelo TLF: 261 320 749
Organização: Associação Leonel Trindade


29 Novembro » Domingo » 10h00 às 21h00
1.ª Feira da Memória
Recriação Histórica
Salão da Ass. Recreativa e Cultural da Praia da Assenta » S. Pedro da Cadeira
Feira reportada à época oitocentista com a qual se pretende demonstrar a vivência da época no que respeita a costumes, tradições, gastronomia e vestuário. Poderá ainda visitar pequenas bancas com venda de produtos gastronómicos.
Organização: Ass. Recreativa e Cultural da Praia da Assenta

21/10/09

Foi no dia 21 de Outubro de 1805, faz hoje anos...

O Almirante Nelson comandando 27 navios ingleses, derrotou uma armada franco-espanhola de 33 navios, na batalha do Cabo Trafalgar, na costa sul de Espanha.
A ambição de Napoleão de invadir a Inglaterra por mar ficou aqui definitivamente afundada.
Nelson morreu nessa batalha, atingido pela bala de um atirador isolado. Com ele, mais 1500 ingleses. As baixas do lado francês ascenderam a 14 000 homens e 19 navios destruídos. Todos os navios ingleses regressaram a Inglaterra.



Trafalgar Square, em Londres. Ao meio, a coluna de Nélson, com a estátua do almirante que derrotou os franceses.




Para saber mais:
TRAFALGAR - A Biografia de uma Batalha.
Roy Adkins, Alétheia Editores, Lisboa, 2009. 434 p.
Um bom livro, pela narrativa empolgante, apoiada em documentos, bibliografia e ilustrações deversas. Pena é que a tradução seja descuidada. O original inglês foi publicado em 2004, com o título: Trafalgar - The Biography of a Battle
MUSEU MUNICIPAL DE TORRES VEDRAS
prepara exposição "Guerra Peninsular" (1807-1814)

No próximo dia 11 de Novembro o Museu Municipal Leonel Trindade inaugura a exposição "Guerra Penínsular" (1807-1814) que ficará patente até Novembro de 2010 e que marcará o arranque das comemorações do bicentenário das Linhas de Torres Vedras.

O programa das comemorações foi ontem apresentado publicamente em conferência de imprensa realizada nos Paços do Concelho, na qual estiveram presentes o Presidente da Câmara, Carlos Miguel e o Comissário para as Comemorações, Manuel Clemente, Bispo do Porto ( natural de Torres Vedras, livenciado em História e investigador da História Local desta cidade).

O programa é muito extenso e diversificado, com actividades que decorrerão entre Novembro deste ano e Outubro de 2010. O seu arranque será no próximo dia 11 de Novembro, Feriado Municipal, e contará com a presença do Presidente da República.

Aqui divulgaremos o programa quando tivermos o suporte informático.

FOI HÁ 199 ANOS...

Venerando de Matos, no seu VEDROGRAFIAS, recorda um documento importante que está na origem das Linhas de Torres Vedras. Começa assim o seu texto:

Em Outubro de 1809, estando o exército anglo-luso acantonado nas margens do Guadina, Wellington deslocou-se a Lisboa e, na companhia do coronel Murray e do tenente-coronel Fletcher, percorreu durante alguns dias os terrenos a norte de Lisboa (1), deixando instruções para este último, num documento datado de 20 de Outubro de 1809, documento que ficou conhecido pelo “Memorando Fletcher”.

15/10/09

UM DIA DE CÓLERA








Arturo Pérez-Reverte escreveu um magnífico livro sobre um dia que ficou para a História da Espanha: o 2 de Maio de 1808. Intitulou-o UM DIA DE CÓLERA. Nesse dia "Madrid foi cenário de uma revolução espontânea". O ressentimento gerado pela presença das arrogantes tropas napoleónicas criou o ambiente explosivo que, a partir de um rastilho, levou à sublevação popular. Sem chefes, desorganizada e caótica, com armas brancas e algumas poucas de fogo, está condenada ao fracasso, face ao melhor exército do mundo. Tanto mais quanto os militares espanhóis, chefiados por gente timorata e subjugada ao poder imperial, se esconde nos quartéis ou reprime, também ela, o levantamento popular porque, em seu entender, não se devia provocar a ira do exército ocupante.

Apenas um punhado de militares de baixa patente, comandados pelos capitães Luis Daoiz e Pedro Velarde, decide apoiar a revolta popular, criando um foco de resistência no parque militar de Monteleón. Duarante muitas horas, com três canhões e alguns fuzis, manterá em respeito as muitas centenas de soldados franceses enviados para os dominar.
Rios de sangue mancharão as Calles de Madrid. Um dia depois, esmagada a revolta, os prisioneiros serão fuzilados numa montanha próxima, cena de horror que Goya registou num quadro célebre que está no Museu d Prado

A esta heróica resistência foi erguida uma memória na Praça 2 de Maio, em Madrid, onde está a placa e o monumento das fotos.

Arturo Péres-Reverte serve-se dos registos, relatórios e relatos diversos que ficaram nos arquivos e faz ressurgir perante nós todo um povo em cólera e desespero.
Da contra-capa: "Um livro que não é ficção. Que não é um documento histórico. É, sim, uma história colectiva feita de pequenos e obscuros casos individuais. Uma história feita de luz e sombra. De pessoas que nada t~em a perder e cuja união gera a cólera de que se faz uma revolução".
Milhares perderam a vida naquele 2 de Maio. Mas eles foram a semente de que germinou o levantamento nacional que garantiu a reconquista da independência nacional da Espanha.

05/10/09

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL EM OEIRAS

Em Oeiras vai decorrer no próximo dia 17 de Outubro (Sábado), uma Conferência Internacional sobre a Guerra Peninsular.
No dia 18 haverá uma visita guiada às 1ª e 2ª Linhas de Torres Vedras e no dia 25 à 3ª Linha.


Para mais informações e inscrições:




http://oeirascomhistoria.blogspot.com/2009/09/encontram-se-decorrer-as-inscricoes.html