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26/12/08

Texto nº 22 ( Jornal "BADALADAS", 12 / 12 / 2008 )



A COMEMORAÇÃO DO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA GUERRA PENINSULAR



Célia Reis *


As comemorações do primeiro centenário da Guerra Peninsular inscreveram-se num movimento memorativo que vinha já do século precedente e que procurava realçar a recordação dos grandes feitos, individuais ou colectivos, num percurso que se queria que conduzisse a uma tomada de posição patriótica.
Neste contexto progressivo, o momento vivido em 1908 acentuava a necessidade de uma tomada de posição unificadora, compreendida pelos organizadores das comemorações, dada a crise existente, que assumira maior expressão no Regicídio e na subida ao trono de D. Manuel II.
A iniciativa da comemoração da guerra peninsular iniciara-se na Revista Militar, para depois se alargar a uma dimensão maior, que acabou por se concretizar através de uma Comissão nomeada por portaria de Maio de 1908. Foi assim que, numa estratégia mais alargada, Torres Vedras e o Vimeiro foram dos primeiros palcos em que se comemoraram os actos relativos às invasões francesas.
No dia 21 de Agosto de 1908 passou um século da batalha do Vimeiro, facto marcante para o términus da invasão comandada por Junot. Nessa data chegaram a Torres Vedras, vindos de comboio, o rei D. Manuel II, seu tio, infante D. Afonso, o Presidente do Conselho e os Ministros da Guerra, dos Estrangeiros e das Obras Públicas, entre outros elementos políticos e militares. À sua espera estavam as autoridades civis, militares e religiosas locais, incluindo os administradores de Torres Vedras e Lourinhã.
Entre músicas que tocavam no coreto, o rei seguiu de automóvel a «grande velocidade», no meio de algumas censuras da oposição, porque não se deixou ver por quem o esperava, nem sequer pelas damas que estavam à janela.
No Vimeiro repetiu-se a recepção pelas autoridades, fazendo-se as apresentações num pavilhão aí montado. Depois foi inaugurado o monumento assinalando a batalha que aí tivera lugar cem anos antes, sendo o auto assinado na barraca aí armada, na mesma mesa onde, em 1808, se tinham firmado os preliminares da paz. Entre os vários discursos ouviu-se o rei, relembrando os grandiosos feitos pela independência portuguesa e recorrendo a Os Lusíadas para mostrar a sua vontade de ser «rei de tal gente» colocando-se sempre ao lado da mesma. Estavam também formados os representantes dos corpos militares que tinham tomado parte na batalha: Artilharia 4, Cavalaria 6, infantaria 12, 21 e 24.Rodevavam-nos muita população desejosa de ver o rei, que, agora, se aproximou dos populares, no meio de grande contentamento.
O regresso a Torres Vedras fez-se novamente de automóvel, levantando nuvens de pó que ia pousando sobre a comitiva.
Na vila, o almoço foi servido no Casino, na Rua Paiva de Andrade, ao som da música. Depois de novos discursos, o monarca, no meio de numerosa multidão, dirigiu-se à Câmara Municipal, onde ouviu a saudação do respectivo presidente, cónego António Francisco da Silva.
O passo seguinte foi a deslocação, a pé, à igreja da Graça, enquanto as músicas tocavam e a população continuava a encher as ruas. No templo recebeu os cumprimentos dos padres dos estabelecimentos do Barro e de Varatojo, das irmandades, etc.
Daqui partiu para os Cucos, para visitar as termas, regressando a Lisboa pouco depois das 16 horas, no comboio[1].
Posteriormente, as comemorações continuaram, relembrando outros actos relativos às invasões francesas. Assim sucedeu, por exemplo, no dia 15 de Setembro, em Lisboa, recordando a retirada das tropas de Junot com o lançamento da primeira pedra do monumento relativo a estes acontecimentos. O rei esteve igualmente presente.
Posteriormente, até 1914, assistiu-se a numerosos actos disseminados pelo país, nas terras que pretenderam associa-se aos eventos, assim como à inauguração de outros monumentos e à edição de medalhas, postais, gravuras, etc. Em 1910 distinguiram-se ainda a realização de duas exposições em Lisboa, uma bibliográfica (para a qual o rei também contribuiu com alguns livros da sua biblioteca) e outra histórica.
Saliente-se que, relativamente aos acontecimentos que tiveram lugar em Torres Vedras e no Vimeiro no dia 21 de Agosto de 1908, um torriense coevo organizou uma álbum com todos os elementos que recolheu, como fotografias, recortes de jornais, etc., o qual ofereceu à Câmara Municipal e se encontra na Biblioteca Municipal.

* Professora e investigadora de História Local

[1][1] Alguns dos elementos relativos a esta presença régia podem ser encontrados no Museu Leonel Trindade, em Torres Vedras.

06/03/08

Texto 1 ( Jornal "BADALADAS", 25 / 01 / 2008)

MANTER VIVA A MEMÓRIA

Joaquim Moedas Duarte *

De 2007 a 2010 comemoram-se os duzentos anos das Invasões Francesas. É um acontecimento histórico muito referido mas talvez pouco conhecido. No suceder das gerações que gradualmente se afastam e se desinteressam do que as antecedentes viveram, compete aos cultores da História – investigadores, professores… – trazer à memória colectiva o que o tempo vai apagando.

A região Oeste teve papel importante nestes acontecimentos. É legítimo que dela se espere um contributo significativo para a sua divulgação. Isso acontecerá de modos diversos. Os seis municípios em cujo território foram construídas as Linhas de Torres – Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira - já se uniram na “Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres”, cuja apresentação decorreu no passado dia 20 de Novembro, no Museu Militar de Lisboa. Estão a ser organizadas muitas iniciativas com a finalidade de preservar lugares e lembrar acontecimentos. Em Torres Vedras, por exemplo, decorrerá em 16 e 17 de Maio o encontro de História Local TURRES VETERAS XI, dedicado ao tema das Guerra Peninsulares.
Para quem ainda pense que a História é um revolver inútil do passado, ocupação de ratos de biblioteca ou de amantes de velharias, convém lembrar que o seu estudo e divulgação são absolutamente necessários para entender o presente. Não se trata de remexer em feridas mas de cuidar das cicatrizes que ficaram e que fazem parte da nossa identidade colectiva Uma sociedade sem memória é um ser errático e vazio.

O jornal Badaladas não podia alhear-se deste movimento. Por isso, um grupo de pessoas, ligadas ao estudo e ensino da História, uniu-se num projecto comum: a publicação, durante os anos de 2008, 2009 e 2010, de uma rubrica bimensal sobre o tema das Invasões Francesas. Não se propõem fazer investigação de ponta, trazer novos dados, publicar documentos inéditos ou defender interpretações controversas. Pretendem simplesmente DIVULGAR História. Avivar na memória colectiva das gentes do Oeste tudo o que diga respeito às Invasões Francesas, através de artigos feitos a partir da bibliografia existente ou, eventualmente, de outras fontes menos conhecidas. O estilo de abordagem terá em conta a heterogeneidade do público leitor e o suporte escrito em que se publica: um jornal!

A série terá início no próximo dia 14 de Fevereiro. Num primeiro artigo será abordada a definição do conceito tradicional de “invasões francesas” em articulação com o de “guerra peninsular” ou “guerra da independência”. Os artigos seguintes abordarão o contexto internacional e nacional em que se inserem estes acontecimentos, bem como a sua descrição sucinta. A partir daí, os textos terão um carácter mais livre, sem plano prévio de organização, permitindo ao leitor a partilha de conhecimentos em áreas tão diversas como: armamento, batalhas, documentos diplomáticos, episódios, tácticas de guerra, figuras, vestígios monumentais, reflexos na Literatura, etc

Ao propor e realizar esta iniciativa, a Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras (ADDPCTV) procura pôr em prática uma das suas orientações de trabalho: congregar vontades para a realização do objectivo comum de defender e divulgar o nosso património histórico.
Manifestamos ao jornal Badaladas que tão bem acolheu esta proposta e aos nossos consócios e amigos que prontamente aceitaram participar nela, o nosso profundo reconhecimento. Em nosso nome e dos leitores a quem servimos.

* Professor

ABERTURA





Em finais de Dezembro de 2007 foi apresentado ao jornal BADALADAS, semanário regional de Torres Vedras, o seguinte:



PROJECTO DE TRABALHO

BICENTENÁRIO DAS INVASÕES FRANCESAS


Fundamento

De 2007 a 2010 comemoram-se os duzentos anos das Invasões Francesas. É um acontecimento histórico muito referido mas talvez pouco conhecido. No suceder das gerações que gradualmente se afastam e se desinteressam do que as antecedentes viveram, compete aos historiadores trazer à memória colectiva o que o tempo vai apagando.
A região Oeste – com destaque para Torres Vedras – teve papel importante nestes acontecimentos. É legítimo que dela se espere um contributo significativo para a sua divulgação.

Objectivo

Avivar na memória colectiva das gentes do Oeste tudo o que diz respeito às Invasões Francesas (IF)

Meios

Publicação em jornais regionais do Oeste de artigos de divulgação sobre as I. F.

Numa primeira fase: prioridade ao jornal BADALADAS, com publicação de uma rubrica quinzenal sobre o tema, durante os anos de 2008, 2009 e 2010.

Numa segunda fase, a partir de 2009: extensão a outros jornais do Oeste, com a publicação diferida dos mesmos artigos.

Conteúdos

Não se trata de investigar História mas sim de DIVULGAR História.

Pretende-se a publicação de artigos com uma média de 2 500 caracteres, feitos a partir da bibliografia existente ou, eventualmente, de outras fontes menos conhecidas, usando um estilo de abordagem que tenha em conta a heterogeneidade do público leitor.

Intervenientes

Uma equipa de professores e investigadores ligados à História Local.

Torres Vedras, 18 de Dezembro de 2007



A Direcção do jornal aceitou o projecto e em Janeiro iniciou-se a publicação.

Este blogue será, pois, o arquivo/net dos artigos publicados no BADALADAS no âmbito do bicentenário das invasões francesas.
Simultaneamente usaremos este espaço para divulgar acontecimentos, livros, sites, contributos diversos, etc, sobre a Guerra Peninsular.