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13/04/09

Texto nº 29 (Jornal BADALADAS, 24 Abril 2009)

UM CORRESPONDENTE DE GUERRA NA SEGUNDA INVASÃO FRANCESA




Pedro Fiéis



Talvez sejam tão antigos como a própria guerra, mas é geralmente aceite que na moderna concepção da palavra, o primeiro correspondente de guerra terá sido Henry Crabb Robinson, um inglês que em 1800 tinha viajado para o território da actual Alemanha, onde fez os estudos universitários e onde terá contactado com alguns dos maiores vultos da cultura do seu tempo, casos de Schiller e Goethe, entre outros.
O seu conhecimento do terreno e domínio da língua constituíram então factores cruciais para que o jornal londrino “The Times” o contratasse para escrever crónicas sobre a guerra que Napoleão conduzia e cujos sucessos sobressaltavam os seus ávidos leitores.
Esta primeira experiência não é muito profícua, quer porque os escritos não tinham grande mérito, quer pela sua irregularidade e por se basearem muito no ouvi dizer. As distâncias ainda eram nesta época uma barreira difícil de vencer, pelo que as novas sobre as batalhas chegavam muito depois de as mesmas terem ocorrido e novos acontecimentos as terem tornado redundantes.
De qualquer modo, o progressivamente maior envolvimento britânico na Península em finais de 1808 convence os responsáveis pelo “Times” da necessidade de ter alguém perto do cenário do conflito e com acesso aos meios navais que transportavam a normal correspondência do exército, encurtando deste modo as ditas distâncias.
O escolhido vai ser então Robinson, principalmente pela sua experiência anterior, embarcando para a Coruña onde chega no dia 28 de Julho de 1808, 5 dias depois de ter deixado Inglaterra. Assumindo agora também de forma mais séria o seu papel, mantém uma correspondência regular com o jornal, muito embora o que escrevia ainda se baseasse nos relatos dos soldados feridos que iam chegando.
O facto de não acompanhar de perto as tropas não lhe permitia seguir todos os acontecimentos. Apesar disso, as informações que fazia chegar eram preciosas, por anteriormente se ter de esperar que esses mesmos soldados escrevessem para casa nas raras pausas que eram concedidas, não contando com a demora do correio. Tudo isto muda a partir do dia 11 de Janeiro de 1809 com a chegada das tropas sob comando de sir John Moore, em retirada diante das tropas francesas desde Salamanca.
Como não tinham chegado os navios de transporte, Moore foi forçado a tomar posições defensivas e aguardar a sua chegada. O seu oponente, Soult, chegou pouco depois e no dia 15 lança os primeiros ataques. A este desenrolar dos acontecimentos assistiu este correspondente desde o primeiro momento, e nesse dia, ao regressar ao hotel, encontrou a sala de refeições vazia e nenhum oficial por perto.
Ao sair para a rua foi informado da aproximação do inimigo e, ao longe, já se conseguia ouvir o troar dos canhões. Robinson foi imediatamente para as alturas que rodeiam a cidade, embora ainda longe da acção, assistiu ao desenrolar da batalha, observando compatriotas seus a serem feridos e mesmo mortos, reportando ainda sobre os prisioneiros franceses que eram escoltados para a zona do porto.
Foram umas horas únicas e que não mais repetiu, dado que ainda no final do referido dia 15 embarca de volta a Inglaterra e não mais escreve sobre a guerra, até porque no “Times” não se lhe reconheceram grandes dotes para a escrita e como a campanha terminara após o embarque da tropa inglesa, não lhe fazem nova proposta de trabalho.

Notas Finais: Henry Crabb Robinson não mais vai escrever para jornais, preferindo dedicar-se à advocacia até ao final da sua vida. O general Moore morre devido a ferimentos sofridos durante a batalha, deixando campo aberto ao regresso triunfal de Wellesley.

27/04/08

Texto 7 (Jornal "BADALADAS", 25 / 04 / 2008 )


A 2ª Invasão Francesa

Maria Guilhermina Pacheco*


Napoleão Bonaparte, enquanto, prosseguia com a guerra em Portugal, forçou em Espanha, a abdicação do rei Carlos IV e do seu herdeiro D Fernando, em 1808, em Baionne, e colocou no trono espanhol o seu irmão José Bonaparte.
Perante isto, iniciou-se um movimento de revolta contra os franceses, que foi apoiado pelas tropas britânicas acantonadas no norte de Portugal. Sob o comando de John Moore, os ingleses passam a fronteira no início de 1809, tendo sofrido uma derrota na Corunha, pelos franceses comandados pelo marechal Soult. Tiveram que se retirar, deixando o caminho aberto a Soult, que invade Portugal pela fronteira do Minho, em Março de 1809, avançando até à cidade do Porto, que foi ocupada a 24 desse mês, tendo fixado a fronteira no Douro. É desta altura que se dá o trágico episódio de 29 de Março, no rio Douro, com a fuga de pessoas pela ponte das Barcas, que não aguentou com o peso, tendo morrido à volta de 4.000. Em Maio, do mesmo ano, tropas Luso-Britânicas comandadas pelo General Arthur Wellesley e pelo Comandante-em-Chefe. Marechal William Carr Beresford, vencem a chamada batalha do Douro, reconquistam a cidade e a 29 de Maio expulsam os franceses, que se retiram para a Galiza.
Entretanto as tropas de Wellesley continuam para sul, e travam a batalha de Talavera, em Julho, já em território espanhol, tendo vencido, regressando depois a Portugal.
Esta Batalha indica o final desta segunda invasão, tendo sido concedido ao general Wellesley o título de Lorde Wellington.
Pode-se destacar pela sua importância estratégica a chamada escaramuça de Serém, concelho de Vouga, uma região de difícil acesso do rio Vouga e do rio Marnel, em que o capitão-mor do Vouga, José Pereira Simões, travou o avanço do marechal Soult , para sul, e, esperou pela chegada de tropas do Batalhão Académico, a que mais tarde se juntaram reforços , comandados por Wellesley. Em consequência, o exército de Soult não conseguiu atravessar o Vouga e, tiveram que se retirar para Norte.


Professora *





O DESASTRE DA PONTE DAS BARCAS


O Porto destaca-se como um centro importante de actividades económicas, desde os princípios da nacionalidade, articulado com o rio Douro, que o protegia, como linha defensiva e, mais tarde, como meio de circulação de pessoas e mercadorias. A travessia do rio, ao longo do tempo, foi sendo feita com a ajuda de barcos, jangadas e barcaças. Há várias referências a pontes construídas utilizando barcas.
A primeira ponte, com projecto de Carlos Amarante, construída para perdurar, foi inaugurada a 15 de Agosto de 1806.Era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço, podendo abrir em 2 partes para a passagem do tráfego fluvial. Foi nela que se deu o trágico acidente de 29 de Março de 1809.em que milhares de pessoas morreram afogadas. Fugindo às tropas francesas, precipitaram-se para a ponte, que não aguentou com o peso e cedeu. Quem vinha atrás, não se apercebendo do abismo, empurrou para a morte os que estavam mais adiante.
A Ponte das Barcas foi reconstruída, acabando por ser substituída pela Ponte Pênsil em 1843.
Actualmente, continua a reverenciar-se a memória destas vítimas da segunda invasão francesa com a colocação de flores e velas junto da lápide às “Alminhas da Ponte”, erigida no local do desastre.