07/03/09

IMAGENS DA GUERRA PENINSULAR - V 5 MARÇO 2009 - FRENTE OESTE




Olivença, Igreja de Santa Maria Madalena, estilo manuelino.




Portal manuelino, Paços do Concelho - Olivença







A “GUERRA DAS LARANJAS”

E A PERDA DE OLIVENÇA



Joaquim Moedas Duarte

As fronteiras de Portugal foram definidas no reinado de D. Dinis, em 1297, através do Tratado de Alcanises, firmado com Castela. Durante 504 anos mantiveram-se inalteradas até que, pela chamada Guerra das Laranjas, Olivença foi anexada pelos espanhóis.
Recuemos a 1801. A França e a Inglaterra defrontavam-se em terra e no mar, arrastando outros países pelo jogo das alianças e dos interesses de cada um. A Espanha, com um contencioso antigo em relação à Inglaterra, alia-se à França de Napoleão. Portugal, refém e beneficiário da velha aliança anglo-lusa, não tem por onde fugir. Manuel Godoy, a quem o rei Carlos IV de Espanha dera o título de Príncipe da Paz e fizera primeiro-ministro, entendeu-se com Napoleão para a partilha de Portugal. O que estava em causa? Napoleão via-nos como base de operações terrestres e ancoradouro seguro para os navios ingleses. Daí a exigência clara de que os nossos portos fossem fechados ao velho aliado. Por outro lado, na América do Sul as fronteiras do território português do Brasil eram há muito disputadas: a norte pelos franceses que queriam alargar a Guiana Francesa; a sul pelos espanhóis, por causa da colónia de Sacramento e das margens do rio da Prata, onde hoje é a Argentina.
Portugal não tinha argumentos de força para impor os seus direitos. O exército era reduzido, desorganizado e mal armado. O seu chefe máximo, o duque de Lafões, já octogenário, era incompetente, tal como os generais de que dispunha. As fortificações fronteiriças estavam em mau estado. Quando os espanhóis concentraram 40 a 50 mil homens no outro lado da fronteira, Portugal, que só dispunha de cerca de 12000, entrou num desesperado e inábil jogo diplomático cuja estratégia era apenas a de ganhar tempo, esperando um milagre. Ele não veio e os espanhóis passaram à acção em Março de 1801. Ocuparam Olivença, Juromenha, Campo Maior, Arronches, Portalegre e Castelo de Vide, sem que os portugueses opusessem resistência. Só Elvas não se rendeu, mas ficou isolada e sitiada sem qualquer influência no desfecho final. Quando a paz foi assinada pelo Tratado de Badajoz, em Junho daquele ano, Portugal teve de aceitar a perda de Olivença. Mais tarde, em 1815, no rescaldo da queda de Napoleão, o Congresso de Viena reconheceu a Portugal o direito de recuperar a sua posse mas a Espanha nunca acatou esta decisão.
Porquê a designação de “guerra das laranjas”? Conta-se que Godoy, já em Portugal à frente das tropas invasoras, mandou cortar um galho de laranjeira carregado de frutos e enviou-o como símbolo da sua conquista à rainha Maria Luísa, com quem vinha mantendo uma relação menos formal e mais íntima…
No dizer de António Ventura, historiador especializado no estudo desta época, “a Guerra das Laranjas foi uma espécie de primeira fase tímida e minimalista daquilo que seria a grande confrontação de 1807-1814, a Guerra Peninsular”.

Sem comentários: