22/06/09

FRENTE OESTE - Texto 21 - 25 JUNHO 2009






UM TÚMULO NO MEIO DA PAISAGEM
J. Moedas Duarte (texto e fotos)

Quem visitar os campos da Roliça – concelho de Óbidos – onde, em 17 de Agosto de 1808, se deu a batalha entre os aliados anglo-lusos e os franceses, encontrará um monumento tumular no meio dos pomares de macieiras, tão característicos da região. Impressionante monumento! Não pela grandeza ou adornos funerários, que não tem, mas pela localização solitária e o poder evocativo da sua simplicidade. Ali repousam os restos mortais do coronel Lake, comandante do 29º regimento inglês.
Recordemos: naquele 17 de Agosto o general francês Delaborde - que esperava reforços do general Loison - dispusera as suas tropas nos campos da Roliça, para fazer frente ao exército inglês de Sir Arthur Wellesley, no qual se haviam integrado algumas forças portuguesas. Loison tardava e as tropas aliadas, aproveitando a superioridade numérica, desencadearam o ataque. Delaborde faz uma retirada estratégica para os altos da Columbeira, uma formidável fortaleza natural formada pelos afloramentos rochosos que dominam o Vale do Roto, ainda hoje um lugar de paisagem magnífica. Os ingleses têm agora de desalojar daqueles picos (Alto do Picoto…) o entrincheirado inimigo, mas o êxito só é possível com uma manobra de envolvimento, “em tenaz”. Aos flanqueadores pede-se rapidez na manobra, enquanto os do centro progridem lentamente pelas ravinas acima.
É aqui que o impaciente coronel Lake, no centro do dispositivo inglês, decide um rápido ataque frontal à cumeada onde os franceses dispõem de uma invejável posição defensiva. Mais do que valentia, é temeridade que ele demonstra. Rodeados de inimigos, os homens do 29º defendem-se como leões mas são obrigados a recuar. No terreno jazem 50 mortos, entre os quais o seu comandante Lake, que ali serão inumados após a batalha.
Noventa anos depois destes acontecimentos, o 29º regimento pára em Portugal, na viagem de regresso a Inglaterra depois da Guerra dos Bóeres na África do Sul. Fiel à tradição, o regimento visita a Roliça para homenagear os seus antepassados mortos. Fazem-se escavações. Pelos despojos encontrados, são reconhecidos os restos mortais do lendário coronel Lake que emocionadamente depositam no singelo túmulo que ali constroem.
No silêncio da paisagem este monumento, mais do que lembrar um nome, perpetua a memória de tantos soldados desconhecidos que aqui se bateram na Guerra Peninsular.


3 comentários:

JC disse...

Não são macieiras, são pereiras!

ADDPCTV- Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras disse...

Andei por lá a pé e apanhei maçãs reinetas que haviam sobrado da apanha. Se mesmo junto ao túmulo há pereiras... tudo bem. Sejam pereiras!
Ainda bem que JC está atento a estes pormenores...

ADDPCTV- Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.